domingo, 12 de abril de 2015

CIRCUITO DAS ARTES 2015 - Abertura


E as portas abriram-se!
Ontem, dia 11 de abril, abriu o Circuito das Artes 2015! Trabalhos surpreendentes!

"Acesso Restrito", Tanile Maria, Instalação, 2012.

TEXTO CURATORIAL

Essa humanidade descontínua

Para Georges Bataille, o erotismo é a experiência que permite ao ser humano ir além de sua condição de ser descontínuo através da vivência dos contrários básicos, a vida (descontinuidade) e a morte (continuidade), e todas as outras oposições (dor e prazer, amor e ódio, entrega e resistência, atração e rejeição, etc.). Erotismo, violência e misticismo são modos de atingir o êxtase pelo qual o ser humano se aproxima da continuidade, do limite entre vida e morte, ou seja, três formas do erotismo (dos corpos, dos corações e o do sagrado) que buscam substituir o isolamento do ser, a sua descontinuidade, por um sentimento de continuidade profunda. A morte em seu sentido mais amplo implica dissolução e continuidade. A vida representa a afirmação do ser individual e sua descontinuidade.

No espaço do Sótão do Palacete das Artes um grupo de nove artistas oferece obras que dialogam com essa humanidade descontinua e os meios de superar essa fronteira. Formas de violência podem ser lidas nos trabalhos de Almo, Álvaro Vilela e Márcio Lima, que exprimem esse sentido ambíguo do limite entre humano e inumano, solidão e coletividade, natural e social. Formas de transcendência através da memória e, consequentemente, aproximações à ideia da morte como dimensão de continuidade e da finitude como experiência mística, perpassam as obras de Amarildo Moreira, Neyde Lantyer e Tanile Maria. Finalmente, é possível entrever alusões à paixão amorosa, de modo explícito ou elíptico, nos desenhos de Ully Flores, Camila Schindler e Tami Oliveira em diferentes suportes. Em todas essas obras, em definitiva, além das técnicas e dos recursos expressivos, é possível ver um ser humano que busca transcender o limite entre continuidade e descontinuidade tendo consciência do risco à sua própria existência na transgressão desse limite.

Alejandra Muñoz
curadora




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